Hoje assisti a uma palestra da Marina Silva que mudou minha percepção dos políticos e das palestras da FAAP. Mas não vou falar sobre a palestra em si, mas sim sobre algo que ela disse que me deixou pensativa o resto do dia.
Cheguei na FAAP sozinha e fui embora do mesmo jeito. Faz um tempo que tenho colocado na cabeça que lá não é meu lugar; que sou diferente de todo mundo e que não há possibilidades de conhecer pessoas legais, além das que eu já conheci. A velha prepotência capricorniana, lógico, mas fazer o que.
O auditório estava cheio e tive que sentar no chão. Eu estava levemente desanimada por assuntos mal-resolvidos dentro de mim, então demorei pra prestar atenção. Algumas pessoas me encararam e eu já fechei a cara, mas lembrei do meu gorrinho de pompom. Oh well.
E então a Marina disse aquilo. Aquilo que de repente encaixou tudo aquilo que estava solto e vinha chacoalhando dentro de mim. Aquilo que deu aquele estalo e me botou nos eixos novamente. Mesmo que "nos eixos" não signifique imediatamente "bem", mas sim caminhando pra isso.
Marina basicamente ressaltou a importância do autoconhecimento e da integração com os outros e com si mesmo. A diferenciação entre o ser e o fazer. “Chegou a hora de acreditar que vale a pena, juntos, criarmos um grande movimento para que o Brasil vá além e coloque em prática tudo aquilo que a sociedade aprendeu nas últimas décadas. (...) Se antes dissemos 'chegou a hora de acreditar', afirmo hoje: chegou a hora de ser e fazer, de nos movimentarmos em conexão com as redes e pessoas que expressam a chegada do futuro e o constroem na prática, no dia-a-dia." Ela disse que muitas vezes chegamos a fazer tudo que temos, em teoria, que cumprir para realizar algo. Mas falta o ser. Ela falou sobre a volta à infância, quando nos perguntavam "o que você quer ser quando crescer", em contraposição aos dias hoje, quando nos perguntam "o que você faz?".
Eu não quero ser alguém que simplesmente faz. A própria frase entra em contradição consigo mesma: ser alguém que faz. Pelo contrário, eu quero simplesmente ser. Voltar a pensar nos valores antes das realizações. Voltar a pensar no que me faz sorrir antes de pensar no que terei em mãos. Voltar a não pensar; voltar a sentir.
Não quero nada material, apesar de saber que estes são simplesmente meios pra fins. O que eu quero é caminhar sobre a linha tênue entre o ser e o fazer, pra conseguir alcançar essa realização da qual a Marina falou hoje. Sim, ela falava de outras coisas. Mas acredito que o que admiro nela é exatamente isso: saber que ela poderia estar falando sobre política e sustentabilidade, mas que seus valores vêm de baixo - que se aplicam aos mesmos "desencaixes" internos que eu tenho de vez em quando.
Então saí do auditório diferente do que estava quando entrei. Sozinha, sim. Mas pensativa, ao invés de anestesiada. Antes eu não queria pensar. Depois, estava pensando. Tinha voltado a pensar. Estava com saudades de mim mesma, acho, de abrir mão da minha prepotência e perceber o mundo de maneira diferente. Não de maneira desgostosa, como havia vindo o vendo. Não de maneira cética e pessimista. Magoada, triste, desesperançosa.
Fiquei feliz de estar lá. De me sentir diferente dos outros, mas de estar exatamente onde eu deveria estar. Tudo depois disso fez mais sentido, apesar de eu continuar esquisita. Percebi mais sorrisos, mais amor, mais gentilezas até dentro do banheiro da FAAP - onde tudo que eu costumava ver era antipatia e vaidade.
Sei lá. Acho que, apesar do tempo frio e cinza, voltei a ver mais cores no mundo.
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1 comment:
que bacana saber desse fato em sua vida, realmente as coisas e os sentimentos existem, muitas vezes escondidos mas estão lá. acredito que cada dia que vivo aprendo muito com as pessoas e suas atitudes, cada gesto é uma aula.
enfim, fazia tempo que nao entrava aqui, escreva sempre!
beijos giu
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