... mas outro tipo. O tipo que machuca. O tipo que eu não quero sentir. O tipo que dá raiva. O tipo que me deixa mole e sem vontade, deitada na cama olhando pro teto com vontade de nunca mais sair dali. O tipo que dói, que arde, que corrói.
Odeio esse tipo de saudade, mas ela existe. Excessivamente, ela existe.
Tenho saudade dela me pondo pra dormir. Eu, com minha mãozinha de criança, segurava a manga do pijama dela com tanta força que meus dedinhos ficavam brancos, mas mesmo assim eu não largava. Até adormecer. E só então ela ia embora. Hoje em dia ela vai embora - ou então nem aparece - com tanta frequência que eu fico lá, procurando a manga do pijama, sem saber que rumo tomar.
Tenho saudade do estúdio dela. Do cheiro das tintas, dos panos sujos, das telas em branco, do avental dela pendurado no banquinho. Das tardes que passavamos juntas, ela fazendo arte e eu fazendo bagunça. E ela deixava, porque sabia que pintar fora das linhas faz parte.
Tenho saudade de fazer a coisa mais idiota do mundo e ela achar graça ao invés de brigar. Tipo aquele dia que eu peguei uma cadeira de praia que achei na rua e coloquei na varanda. Fiz limonada, coloquei o óculos de sol mais ridículo do mundo e pintei minha cara tipo índio, com protetor solar, e fiquei lá até ela chegar. Quando ela chegou, ela nem ligou pra cadeira. Que estava toda enferrujada, rasgada e suja, by the way. Ela veio correndo me dar AQUELE abraço, com AQUELE sorriso, e o mundo podia acabar que eu nem ia ligar.
E hoje em dia, quando o mundo parece que vai acabar DIARIAMENTE... ela não está lá pra sorrir ou pra me abraçar. Ela não está lá pra me deixar fazer bagunça com as tintas dela. Ela não está lá pra me por pra dormir. Ela simplesmente nunca está lá.
Eu fico triste.
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